Gestão Financeira em tempos de Coronavírus

Vamos falar de dinheiro? Ou melhor, de gestão financeira? Em época de crise, uma de nossas maiores preocupações é como gerir todas as contas. Muitos memes já estão surgindo com roleta russa para saber qual conta pagar no mês e quais contas não serão pagas... Com isso em mente resolvemos conversar com a Marina da Herbig - soluções financeiras e descobrir um pouquinho mais sobre o que pode ser feito nas atuais circunstâncias. 

 

O brasileiro, em geral, tem boa relação com suas finanças pessoais?

Numa pesquisa de 2011 o Brasil tinha ficado em 74º no Ranking Global de Educação Financeira (S&P Ratings) e 60% dos brasileiros admitem ter dificuldades para controlar suas finanças (Pesquisa Anual de Educação Financeira SPC e CNDL), como muitos brasileiros não tiveram educação financeira na base, e não falam sobre dinheiro, não há nem muito interesse em cuidar das finanças pessoais, pelos mais variados motivos, mas acredito em boa parte seria por falta desse estímulo. Em contraponto vemos o governo, ao longo dos anos, lançando medidas para estimular o consumo deixando o crédito mais barato, ou liberando verba de FGTS, o que mostra que o brasileiro não sabe fazer gestão do seu dinheiro, e quando recebe um dinheiro adicional, consome.

 

No Brasil há a cultura de poupar? Tanto quando se trata de finança pessoal como em micro e pequenas empresas?

Nessa mesma pesquisa que citei acima eles constataram que o brasileiro considera importante economizar para aplicar parte dos rendimentos em poupança e/ou outro investimento porém apenas 47% fazem isso com frequência. Quando vamos para a esfera das Pequenas Empresas temos um dado que 60% das Empresas fecham antes de completar 5 anos (IBGE), e mais de 50% são Pequenos Negócios, e os motivos são variados mais um dos principais, apontado por pesquisa do SEBRAE, é a falta de planejamento financeiro. O que vejo nas minhas consultorias é que não temos essa educação de gestão, e muito menos financeira, para liderar Negócios e como os Pequenos também não possuem estrutura para contratar uma pessoa para gerir essa parte acaba tentando fazer sozinho, muitas vezes controlando apenas contas a pagar e receber.

 

Você acha que o brasileiro estava preparado para uma crise econômica mundial tão repentina?

Primeiro é importante colocar que é muito difícil se preparar para situações como essas, até mesmo por não sabermos o impacto total que elas possam atingir, mas olhando pela perspectiva de preparação para possíveis imprevistos, seja em Reserva de Emergência para Orçamento Pessoal, seja em Capital de Giro/Reservas para Empresas, eu acredito que não. Nessa Pesquisa do SPC/CNDL apenas 16% dos brasileiros não possuíam nenhuma dívida, aliado a falta de controle orçamentário isso pode vir a significar a falta de dinheiro já no primeiro mês de crise econômica. Nas empresas acontece a mesma coisa, e normalmente as pessoas procurarão se endividar mais ou fechar. (Apenas vale colocar que se endividar nem sempre é ruim, é necessário ver o grau de endividamento e quanto isso custa seja para você, seja para empresa)

Você já pôde acompanhar de perto os impactos desta crise na vida de seus clientes?

Pudemos observar, até mesmo pela Herbig, que o faturamento caiu, os Pequenos Negócios têm sofrido bastante com a crise. Felizmente, as empresas que acompanho têm pelo menos dois meses de caixa garantido mesmo que elas não faturem nada, e têm conseguido faturar para sobreviver nesse momento.  

Nas finanças pessoais tenho visto o impacto já tanto na parte da carreira, algumas pessoas perdendo emprego, jornadas reduzidas, como também muitas dúvidas do que fazer nesse momento com as finanças pessoais, criar a reserva de emergência, se preparar de alguma forma. 



Agora a crise começou… tem algo que pode ser feito já ou é melhor esperar um tempo para colocar as finanças pessoais em ordem?

É bem importante olhar para as finanças pessoais nesse momento, reavaliar as prioridades de gastos, e traçar um planejamento financeiro desenhando possíveis cenários, pelo menos até o final do ano. Assim, mesmo no pior cenário você pode listar as possíveis ações para se recuperar, e evitar se endividar.

Para reavaliar os gastos também é importante verificar o que você consegue economizar, reduzir, cortar, postergar.

Quais são suas previsões para a pós pandemia?

Acredito que algumas tendências que já estavam se mostrando serão aceleradas, como o dinheiro digital, com a possibilidade de transmissão por notas, e o trabalho para higienizá-las, o governo da China, por exemplo, foi o primeiro a já introduzir uma moeda digital em um país. Porém acredito que teremos muito impacto nas classes sociais mais baixas, seja por mortes pelo Covid 19 como também pela falta de dinheiro para atender as necessidades mais básicas. Então acredito que precisamos pensar em um futuro com mais inclusão social, até mesmo através das tecnologias.

Além disso também vemos a questão do consumo, que já vinha mostrando a necessidade de revisão, sendo repensada o que pode provocar transformações para muitas indústrias. Como exemplo a indústria da Moda.

Mas também creio que não podemos prever como o Mundo será depois dessa Pandemia pois ainda não temos o fim dela, e dependendo de quanto tempo durar isso pode impactar de diferentes formas na Economia. Algumas projeções de empresas ou até do boletim FOCUS mostram que da mesma forma que o consumo está caindo, provocando uma queda na produção nacional, ele voltará na mesma medida, então já apontam um PIB crescente para o próximo ano. Eu, particularmente, estou menos otimista nesse ponto.

Para finalizar, quais dicas você pode deixar para nossos leitores em relação ao pós pandemia?

Bom, primeiramente, façam esse planejamento financeiro para visualizar os cenários e diminuir a ansiedade pelo dinheiro. Se endividar deveria ser a última opção, e você deveria pesquisar bastante para conseguir melhores taxas caso precise.

Segundo, tiraria um tempo para pensar o que você tem feito e o que você deseja para o seu futuro, o que faz sentido para você e o que não faz mais, para entender também como você pode reagir a isso.

Tenho alguns canais que acompanho que estão falando sobre como será o futuro das coisas, carreira, como as marcas devem reagir, porém, sinceramente, acredito que o futuro nós vamos moldando conforme as adversidades vão aparecendo. Estou lendo o Sapiens do Yuri Noah Harari, visto alguns TEDs sobre Inteligência ArtificialBlockChain, e acompanho os reports da Mckinsey.

 

A Herbig lançou um pacote para entender com as empresas quais são as possíveis soluções que elas têm para cada cenário, além das mentorias pontuais. Também criamos uma Rede para servir como apoio e ideias para as Empreendedoras nesse momento.

Caso alguém precise de uma planilha para fazer o controle financeiro pode baixar a nossa por aqui, no Instagram, @herbigbr, temos compartilhado bastante informação, e caso alguém possua alguma dúvida sempre estou disponível para auxiliar seja por lá, como por email também Este endereço de email está sendo protegido de spambots. Você precisa do JavaScript ativado para vê-lo.. Vamos juntas!

 
 
A Herbig é uma empresa que empodera outras empresas e pessoas através de ferramentas e análises financeiras. O nome Herbig vem da poeira cósmica que envolve as estrelas no seu nascimento e acreditamos que somos o berçário das empresas e pessoas para que elas virem estrelas brilhantes.
Marina, a mente e o coração por trás da Herbig hoje, tem como conhecimento prático ímpar a diversidade de mercados e realidades empresariais que muitos empreendedores experientes não têm. De Controller de uma região da América Latina em uma Multinacional à Controller de mais de 60 micro a médias empresas, possui formação em Administração pela UFSCar e acredita que a sua missão é simplificar a vida das pessoas e das empresas. Entusiasta na criação de ferramentas para pequenos (grandes!) negócios, traduz toda a base teórica e prática de maneira descomplicada, para que as empresas que atende sejam cada vez mais prósperas.